OFICINA (40 VAGAS)

Oficina

O SILENCIAMENTO DA VOZ PÚBLICA DAS MULHERES - ESTRATÉGIAS PARA NÃO SER CALADA

Valéria Cristina Lopes Wilke (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/Unirio)

Marcelo Senna Guimarães (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/Unirio)

Janaína Coelho Muniz (PPFEN CEFET-RJ - mestranda)


Vagas: até 40 (Inscrições no local)

Duração: 2 horas

Dia 15/10, de 16h às 18h


Resumo: O objetivo da oficina é discutir, em diálogo com a reflexão desenvolvida pela historiadora Mary Beard, aspectos do processo histórico do silenciamento da voz pública das mulheres, no ocidente, mediante a apresentação de diferentes modos pelos quais ele continua a acontecer. A ideia motriz da oficina sustenta que as mulheres foram historicamente silenciadas por meio de obstáculos, dentre eles a misoginia, que impediram que elas alcançassem as estruturas instituídas de poder. Faz parte também desses impedimentos a própria constituição do homem como o indivíduo que pode falar em público, uma vez que esse fato é o atributo essencialmente masculino, vide o evento paradigmático de Telêmaco se tornar o homem da casa ao silenciar Penélope. Assim, o silenciamento feminino não é apenas definido pelo gênero, mas é o que define o próprio gênero. O poder de fala pública entra na definição do que vem a ser o gênero masculino, o que vem a ser o homem, e, por conseguinte, a mulher é definida pelo silêncio da voz pública e pela falta de poder. Em diálogo com Beard nos deteremos em outras vozes femininas, encobertas e silenciadas na democrática Atenas do século V a.C. As mulheres que ali nasciam eram igualadas aos povos escravizados, isto é, não eram consideradas como cidadãs, pois não possuíam direitos civis. Mas, apesar de todas as mulheres terem tais direitos cerceados, elas não estavam agrupadas em uma única categoria. Naquela efervescente pólis, cuja pluralidade de habitantes era fator e produto de um acelerado desenvolvimento cultural, também habitavam diferentes grupos de mulheres. Tendo em vista a análise do silenciamento público das mulheres, no que concerne ao período clássico, o destaque proposto será dado à figura feminina que sofreu grande perseguição neste período histórico, Aspásia de Mileto, mulher de poder daquela época. Serão discutidos registros que contribuem para a reconstrução de Aspásia que, para muitos pertencia ao grupo das hetairas e para outros foi a maior das sofistas. Aspásia foi a companheira de Péricles e, segundo alguns autores, sua grande influenciadora, especialmente na construção de seus discursos. Os registros de suas passagens se encontram fragmentados em várias obras, as quais daremos destaques. Além de seu nome compor a Suda, primeira enciclopédia da História, datada do Século X, Plutarco, Aristófanes e Platão também mencionam sua participação política e social em Atenas Antiga. A dinâmica da oficina parte de perguntas norteadoras acerca de discursos públicos femininos ao longo da história, de elementos presentes na representação do imaginário social do que seria uma "mulher de poder" e da voz pública feminina. Serão utilizados exemplos oriundos de peças teatrais da Grécia Antiga, imagens de mulheres de poder, discursos proferidos publicamente por mulheres. A oficina é uma proposta do projeto de extensão Filosofia na Sala de Aula da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/Unirio.

Referências Bibliográficas

BEARD, Mary. Mulheres e poder: um manifesto. Crítica, 2018

DESCHANEL, Emile. As cortesãs gregas: Hiparca - Frinéia - Laís - Aspásia - Safo. São Paulo: EditoraTecnoprint S.A, 1969.

JAEGER, W. Paideia. A formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes,1989.

PLATÃO. Diálogos VI: Cratilo, Carmides, Laques, Ion, Menexeno. São Paulo: Edipro, 2016.

SPIVAK, Gayatry. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: UFMG, 2010

STENGERS, Isabelle. Lembra-te de que sou Medéia (Medea nunc sum). Rio de Janeiro: Pazulin, 2000.

VRISSIMTZIS, Nikos. Amor, Sexo & Casamento na Grécia Antiga. São Paulo: Odysseus, 2002.

XENOFONTE. Econômico. Tradução de Anna Lia Amaral de Almeida Prado. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

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